No dia 1ª de março, a diretora executiva do Instituto Veredas, Laura Boeira, participou de um evento conjunto, que reuniu públicos do 5º International Workshop on Rational Use of Medicines; do 3º Worknowledge of Evidence-Informed Policy; do 3º Symposium ISPE BrazInt RIG; e do 1º Symposium of ISPE Brazilian Student Chapters. Os eventos, que aconteceram virtualmente, uniram pesquisadores de vários países para aprofundar sobre o tema das Políticas Informadas por Evidências levando em consideração o olhar das populações sobre os problemas sociais.
Laura foi debatedora na mesa redonda que tratou da necessidade de considerar valores sociais no momento de tomada de decisão política, que teve como facilitadores Jorge Otávio Maia Barreto, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasília; e Luciane Lopes, professora da Universidade de Sorocaba (Uniso). Os convidados defenderam a importância das gestões públicas avançarem no uso de evidências qualitativas para construir melhor políticas de saúde e incorporações de tecnologia, ainda mais diante do momento de crise sanitária que afeta o Brasil e o mundo.
Escuta e diálogo deliberativo
Para Laura, é necessário criar cada vez mais mecanismos de participação dos cidadãos e cidadãs nas decisões em políticas públicas, fomentando, por exemplo, a criação de conselhos de políticas públicas para monitoramento e participação social nas decisões. Segundo ela, a população é capaz de fornecer evidências importantes para o desenvolvimento das ações.
“O engajamento de cidadãos pode favorecer a implementação e o sucesso das políticas públicas informadas por evidências, além de estimular nossa democracia. A linguagem precisa ser acessível e customizada a diferentes grupos, como pacientes, organizações e coletivos da sociedade civil, profissionais da mídia e trabalhadores”.
O Veredas, ao lado da Fiocruz Brasília e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), lançou em novembro de 2020, a Síntese de Evidências Enfrentando o Estigma Contra Pessoas Egressas do Sistema Prisional e Suas Famílias. Uma das etapas da construção do documento foi o processo de escuta às pessoas egressas e familiares. “A síntese é um material para informar as ações da vida real nas cidades. Esse público ainda é invisibilizado em diversos níveis da atenção à cidadania”, disse Laura, quando o documento foi lançado.
Evidências com valores sociais
Megan Wainwright, pesquisadora da Durham University no Reino Unido, compartilhou com a plenária virtual modelos utilizados pela antropologia médica para explicar os processos de tomada de decisão em saúde, que devem levar em consideração aspectos culturais e étnicos de cada grupo social onde uma intervenção é implementada.
Simon Arnold Lewin, do Norwegian Institute of Public Health (NIPH) da Noruega, complementou o debate apontando exemplos de uso de evidências qualitativas na formulação de políticas de saúde. Na ocasião ele apresentou a ferramenta de Evidence-to-Decision, que ajuda gestores a tomarem decisões com base em informações científicas e valores sociais.
Foto: Adriano Machado/REUTERS
Ascom Instituto Veredas